quarta-feira, 7 de novembro de 2012

RESGATANDO A HISTÓRIA DE MINHA COMUNIDADE: SANTA MARGARIDA



Em 1934 Bernardo Gustavo Oenning de Rio Fortuna, Tubarão, resolveu vir ver as terras aqui em Ribeirão Grande, na região de Santa Margarida, indicado pelo senhor Luíz Bertoli. Ele foi o primeiro a realizar a compra dos terrenos, não apenas para a família, mas também para os parentes. Vieram para cá em busca de terras mais férteis e por causa das conseqüências das perseguições ocorridas na Revolução de 30 que ainda não estavam cicatrizadas em Tubarão. Mas, infelizmente Bernardo comprou as terras e não chegou a vir junto com a mudança, porque adoeceu e morreu de tifo antes da viagem.
          No ano seguinte, em 1935 vieram de Rio Fortuna para cá as três primeiras famílias pioneiras: de Antonio Meurer, Augusto Oenning e Geraldo Exteckoetter. Em seguida, vieram num período de dois anos as famílias de Fernando Esser, Guilherme Exteckoetter, Alberto Tenfen, Henrique Bloemer, a viúva de Bernardo; Guilhermina Tenfen Oenning, Roberto Heinzen, Adolfo Eising, Roberto Oenning, Henrique Boeing, Estefano Maltizo e Marcolino Esser. As famílias vieram com a mudança de Tubarão em cima de carro de bois, cargueiros e carroças, levando dias dias até um mês para chegar aqui, pois se o tempo colaborava a viagem rendia, caso contrário demorava mais, e a distância era grande, era em média 500 Km até aqui. Em 1937 a maioria das famílias já estavam estabelecidas na comunidade.
          Aqui os primeiros colonizadores acharam só mata virgem, muitos animais e péssimas picadas, o começo de vida destas famílias foi difícil, aos poucos começaram a construir suas casas de chão batido, os fogões eram pendurados com correntes e a iluminação era feita com banha. Mas com muita garra e coragem, estas famílias começaram a desmatar e a fazer suas primeiras roças. A colheita das sementes era armazenada em cuias e potes de cerâmica. Nesta época compravam no mercado, poucas coisas como: sal, açúcar, trigo, querose e tecido, o restante eles próprios produziam.
          Quando estes primeiros colonizadores chegaram aqui, a comunidade ainda não tinha este nome, era conhecida apenas por Ribeirão Grande.
          Em meados de 1936 começaram a construir uma modesta capelinha de madeira, que serviu também de escola, pois as famílias vindas do Sul, carregavam consigo, um sentimento de religiosidade muito grande. Em 1937, num domingo após o culto, o povo escolheu seus primeiros fabriqueiros que foram: José Oenning, Fernando Esser, Roberto Tenfen e Roberto Heinzen. Eles resolveram encomendar o altar, a via sacra e escolher o nome e padroeiro do lugar. Roberto Tenfen optou e queria o nome de “ São Marcos”, José Oenning queria o nome de “ São José”, e o Senhor Augusto Oenning fez o seguinte comentário: A esposa do colonizador Luíz Bertoli se chama Margarida, vamos colocar o nome de Santa Margarida, talvez ela dê alguma coisa para a igreja. E realmente a esposa do colonizador doou a imagem de “Santa Margarida Maria Alacoque”; na verdade ela havia encomendado a imagem da “Santa Margarida de Cartona” rainha de Portugal, mas por engano veio a de Margarida Maria Alacoque, e o Senhor Luíz Bertoli quis devolver para trocar, mas o povo pediu que deixasse a imagem que veio, por ser uma humilde freira que ajudava muito os pobres e ser a fundadora do Apostolado. O colonizador Luíz Bertoli contente com o nome que deram em homenagem a sua esposa acabou também doando o sino. Com isso Santa Margarida tornou-se o nome da comunidade e também da padroeira. Mas aos poucos esta modesta capelinha tornou-se pequena, pois o número de famílias na comunidade foi crescendo, foi então que em 1948 começaram a construir uma nova igreja toda em alvenaria, foi erguida pelo esforço da própria comunidade, em sistema de mutirão, motivados pelo sentimento de religiosidade, dedicavam-se de corpo e alma para ter uma igreja bonita. As próprias famílias fabricavam os tijolos na olaria de Guilhermina Tenfen Oenning, o pedreiro Felipe Haveroth era quem coordenava a obra. No dia 17 de outubro de 1949 foi realizada a primeira festa da padroeira, mas a igreja ainda não estava totalmente pronta. Mais tarde quando finalizaram a construção fizeram a pintura e a decoração no interior da igreja, esta decoração foi feita por um alemão de Vitor Meireles.
O terreno onde foi construído a igreja da comunidade, escola, cemitério, foi doado por Guilhermina Tenfen Oenning.
          Em 1937, com as famílias que já estavam estabelecidas aqui, havia um número de crianças suficientes para o funcionamento de uma escola. Roberto Heinzen, morador da comunidade e que já havia sido professor em Rio Fortuna durante sete anos, e que estava trabalhando na época como agrimensor da comarca de Taió com o colonizador e prefeito Luíz Bertoli, acabou aceitando a responsabilidade de dar aulas, abandonando a profissão de agrimensor, e passou a dar aulas ganhando bem menos.
A aula era dada na igrejinha e os alunos sentavam em bancos improvisados, e além da igreja usava sua casa como escola. Em 1943, as famílias da comunidade se organizaram, e através de mutirões, construíram uma linda escola de alvenaria.
A primeira escola fundada em Santa Margarida foi em 1938, onde deram o nome de Escola Municipal de Santa Margarida, foi construída onde hoje é o Posto de Saúde. Após este, ela já teve vários nomes:
          Em 1941” Escola Municipal Lauterberk Grande”
          Em 1944 “Escola Estadual Aurora Grande”
          Em 1958 “ Escola Estadual de Santa Margarida
          Em 1962 “ Escola Reunida Osório Duque Estrada”
          Em 1978 “ Escola Básica Osório Duque Estrada”
          Em 1996 “ Escola Básica Roberto Heinzen”
          Em 2000 “ Escola de Ensino Fundamental Roberto Heinzen”
Em 1996 esta escola passou a chamar-se de Escola Básica Roberto Heinzen, essa mudança de nome houve pelo fato que, nada tinha registro e ninguém sabia o porque do nome anterior. Para nós hoje a escola tem um nome muito significativo, pois foi o primeiro professor Da comunidade.
          Quando o professor Roberto Heinzen deixou de lecionar, vieram as freiras que trabalharam aqui por alguns anos. Na época, por ter um número razoável de alunos, e vendo a necessidade de continuar os estudos, a comunidade conseguiu com muita luta, principalmente com os esforços do vereador José Lochs e do presidente da APP Aloizio Tenfen,  o Ensino Fundamental Séries Finais( 5ª a 8ª série) que teve início em 1978.
               A primeira indústria a ser instalada aqui, foi uma serraria por Fernando Esser, que junto também colocou uma atafona. Nesta serraria a maioria das famílias serrou a madeira para a construção de suas casas.
          Nos primeiros anos de colonização, Estefano Maltizo era quem receitava remédios caseiros para  algumas pessoas com problemas de saúde, algumas conseguia curar, mas quando era uma doença contagiosa, muitas pessoas ficavam doentes e algumas acabavam morrendo. A Senhora Emilia Schwabe era a parteira da comunidade, mais tarde a senhora Bernadete Buss também começou a auxiliar a comunidade nos partos.
          O primeiro bebê a nascer nesta comundade foi a Senhora Celestina Lochs, e a primeira pessoa a ser sepultada no cemitério em Santa Margarida( localizado na época nos fundos da igreja) foi um filho de  Roberto Oenning, faleceu ainda bebê.


ATUAL IGREJA DA COMUNIDADE


                                                    


ESCOLA




CENTRO DE EDUCAÇÃO INFANTIL





MERCADO



Um comentário:

  1. Parabéns pelo trabalho... Gostaria de saber se voce sabe mais sobre a família do primeiro professor, quem eram seus pais, se teve filhos, etc... Meu email é luizh53@gmail.com e ficarei muito grato pelas informações... Nasci em Taió em 1953 e, de repente, tenho algum parentesco com ele. Obrigado pela resposta...

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